Dica pra quem está voltando às atividades.

O ano está começando e logo logo vem aí a temporada de montanha! Enquanto esperamos as chuvas de verão passar, muitos já escolheram suas próximas travessias e trekking para 2023. Neste momento, de definir qual será a próxima experiência outdoor, é preciso levar em conta a fase atual de cada um em relação ao condicionamento físico e técnico (e porque não psicológico) para não cair em uma roubada.

Outro dia um cliente ligou dizendo que gostaria de ir para uma travessia na Patagônia ainda neste verão e queria saber se estava apto a participar. Trata-se de uma pessoa que tem uma memória corporal da prática de atividades esportivas, de quem já fez trekking em certa época e que, por motivos pessoais, acabou ficando anos sem fazer uma trilha com um nível de dificuldade considerável. Mas como está no DNA essa paixão pela montanha, nunca desistiu e sente que chegou a hora de recomeçar.

Se você se identifica com esse relato e está voltando a fazer trekking depois de um longo período parado, não vá com muita sede ao pote. A memória afetiva será um grande aliado na resiliência para sair da zona de conforto, mas é preciso um passo de cada vez. Antes de tudo, comece a se exercitar o quanto antes e, para a turma acima dos 40 que nunca gostou de musculação, já deve saber: não tem pra onde correr. É fortalecimento mesmo antes de pensar em calçar a bota.

Mas também é preciso começar, não dá pra ficar a vida toda querendo se preparar e a sensação muitas vezes é a de que nunca estamos prontos. Então marcar na agenda a primeira trilha é uma motivação e tanto para os treinos, que por sua vez estimula uma boa alimentação. E mesmo que não dê tempo de se preparar tanto quanto gostaria, na hora da travessia aquele cansaço mostra que somos mais fortes do que pensamos e dá mais um empurrão para marcar a segunda a trilha e voltar mais preparado. Daí pra frente corpo e mente seguem juntos e a cada quilômetro pisado a certeza de uma sessão de terapia.

Voltando ao caso do cliente da Patagônia, depois de um longo tempo parado de atividades de maior intensidade, muitas vezes associado a um sobrepeso, o importante é optar por trilhas e travessias com a dosagem certa. A primeira dica é procurar por uma expedição sem a necessidade de carregar de cara uma mochila cargueira de 15 a 20kg, dependendo do roteiro. O ganho acumulado de altimetria é outro fator importante nessa escolha. E não é só a altimetria positiva (subidas) que é relevante, longas descidas também são. E dependendo da inclinação média os joelhos mais desgastados sofrem mais. Para começar a temporada procure também por expedições de curta duração, de 2 ou 3 dias, suficiente para ter um gostinho de quero mais e não correr o risco de uma possível vulnerabilidade física e emocional.

Outra dica de ouro é se certificar dos equipamentos indicados para cada roteiro. O trekking é uma atividade especializada e quanto mais técnico for seu calçado, mochila, vestuário e acessórios, melhor será a sua experiência. E vamos concordar que é um tanto caro comprar tudo de uma vez, pois não vale a pena comprar equipamentos de baixa qualidade, o famoso barato que sai caro. Para isso existem agências que oferecem aluguel de equipamentos e que fornecem inclusive as barracas, sacos de dormir e isolantes térmicos, além da estrutura de cozinha de camping e a própria preparação das refeições.

Por fim, a maior dica pra quem está voltando ou até mesmo começando, é saber se você está realmente aberto para viver uma experiência de imersão na natureza, fora da zona de conforto e com outros integrantes desconhecidos.

Se esse desejo vier do coração e não das redes sociais, pode ter certeza que você tem tudo para viver grandes emoções.