Você sabia que a maior parte da biodiversidade brasileira se encontra nos territórios dos povos e comunidades tradicionais? Estudos apontam que 90 à 95% das áreas em que vivem as comunidades tradicionais estão cobertas por vegetação nativa contendo um alto índice de espécies ameaçadas. São consideradas portanto, refúgios importantes para a manutenção da biodiversidade.

Essas comunidades aplicam conhecimentos e práticas desenvolvidos ao longo de gerações e transmitidos pela tradição oral e pelas mais diversas formas de expressão. E uma comunidade tradicional é reconhecida justamente pelo modo de viver em harmonia com o lugar, desde o modo de habitar, de produzir e de valorar os recursos naturais como meio de subsistência.

Portando é impossível falar em conservação ambiental sem incluir as comunidades tradicionais!

E o turismo de base comunitária, você conhece? É um segmento de turismo que dá protagonismo para a comunidade local, gerando benefícios coletivos. Ele acontece priorizando o uso dos recursos naturais, sociais e econômicos de forma sustentável e inclusiva.

É nesse contexto que o turismo de base comunitária se torna uma alternativa viável de manutenção dessas populações em seus territórios, diminuindo o êxodo rural e contribuindo para processos mais inclusivos de conservação da biodiversidade porque considera e valoriza não só os atrativos naturais mas também as pessoas que nela vivem e seus modos de coexistir com o ambiente.

Quando você opta e pratica o turismo de base comunitária, você tem a oportunidade de criar uma conexão mais real com a história e a cultura do lugar, de forma responsável e sustentável. E essa pode ser uma experiência muito marcante na vida! Além de fomentar a economia local, incentivar a manutenção da práticas culturais e ajudar a proteger áreas naturais muito ameaçadas.

Para os amantes do trekking as possibilidades são extraordinárias. Com uma logística de apoio inteligente é possível acessar as comunidades mais isoladas, e assim vivenciar um pouco do seu modo de vida integrado ao bioma onde se encontra. Existem por exemplo, roteiros já sendo comercializados no Território Kalunga – maior quilombo territorial do Brasil – e na Chapada Alta: ambos na Chapada dos Veadeiros. Mais para o norte, as travessias pelo Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses permitem imergir nas comunidades que resistem nos Oásis. E mais para o Sul, junto aos tropeiros que vivem próximos as bordas dos impressionantes Cânions de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.

Se envolva e seja parte de um turismo consciente, inclusivo e coletivo.

*Marília Setti – Guia de ecoturismo na Chapada dos Veadeiros, Educadora Ambiental e Médica Veterinária Conservacionista